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domingo, 17 de abril de 2011

O mundo e seu Deus


Também eu, de fracasso em fracasso, me reduzi a mim mas pelo menos quero encontrar o mundo e seu Deus. Clarice Lispector in A hora da estrela

segunda-feira, 7 de março de 2011

O meu tom

[...] Todos buscamos encontrar a mesma coisa : o nosso tom. O da nossa linguagem, da nossa arte, e – isso vale para qualquer pessoa – o tom da nossa vida. Em que tom queremos viver? (Não perguntei como somos condenados a viver.) Lya Luft – Perdas e Ganhos


- Mais tarde eu saberia que certas experiências se partilham – até mesmo sem palavras – só com gente da mesma raça. O que não significa nem cor nem formato de olho nem tipo de cabelo, mas o indefinível parentesco da alma. Lya Luft

- Uma das mais saborosas sensações de liberdade que eu conheço é flagrar meu coração feliz sem precisar de nenhum motivo aparente. De vez em quando, a mente, que tantas vezes mente, me permite lembrar que essa felicidade essencial está o tempo todo disponível, preservada, por trás das nuvens que a negatividade infla. Rio e me sinto mar. Ana Jácomo


- And from her fair and unpolluted flesh may violets spring! Hamlet 

- Dieu, amour et poésie sont les trois mots que je voudrais seuls graver sur ma pierre, si je mérite une pierre. 

Se eu fosse escrever aqui minhas aventuras, meus pensamentos, meu destino e meus feitos nesses últimos meses passaria dias porque não saberia organizar em palavras. Me sinto bem, talvez até completa... quando estiver pronta escrevo tudo aqui amicos *-* Obrigada por acompanharem o blog mesmo sendo difícil atualizar T-T  Não tenho tempo mais para ler meus livros, coloquei uns trechinhos que já tinjah separado há um tempo atrás com carinho. Até a próxima (: 


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Música do dia: Tiê- Assinado eu

Tinha um jeito singular de fechar os olhos quando experimentava emoção bonita, coisa de segundos e coisa imensa. Era como se os olhos quisessem segurar a lindeza do instante um bocadinho, o suficiente para levá-lo até o lugar onde o seu sabor nunca mais poderia ser perdido. Eu via, olhos do coração abertos, e nunca mais perdi de vista o sabor desse detalhe. Porque quem ama vê miudezas com olhar suficiente pra nunca mais se perderem.
Ana Jácomo

Música: Tiê- Assinado eu
Já faz um tempo
Que eu queria te escrever um som
Passado o passado,
Acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que
Eu te devo sempre alguma explicação.
Parece inaceitável a minha decisão.
Eu sei.
Da primeira vez,
Quem sugeriu,
Eu sei, eu sei, fui eu.
Da segunda
Quem fingiu que não estava ali,
Também fui eu.
Mas em toda a história,
É nossa obrigação saber seguir em frente,
Seja lá qual direção.
Eu sei.
Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom.
Mas se é contrário,
É ruim, pesado
E eu não acho bom.
Eu fico esperando o dia que você
Me aceite como amiga,
Ainda vou te convencer.
Eu sei.
E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada,
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.
E te peço,
Me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá, e foi pra lá.

O sorriso

Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso (…) Ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo.
Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Aviso 1

Este sol não me engana
tá se pondo pra me pôr na cama
Martha Medeiros in Poesia reunida, 30 Strip-Tease


Talvez eu fique off por uns dias my dear, aproveitem as férias e se comportem! :p

Poesia Reunida - Martha Medeiros

Ele era gago, vesgo e mancava de uma perna
e daí? era gostoso, inteligente e tinha uma
   boca linda
sabia dizer coisas belas em horas estranhas
e chorava quando se sentia completamente
   feliz 
Martha Medeiros in Poesia reunida, 16 Strip-Tease 


Se você for
exatamente como imagino
igualzinho aos meus sonhos
eu vou embora
detesto desmancha-prazeres 
Martha Medeiros in Poesia reunida, 42 Strip-Tease 


O término da nossa relação
foi pra mim um choque térmico
não senti mais teu calor
nunca te vi tão frio
Martha Medeiros in Poesia reunida, 68 Meia-noite e um quarto


nós que nos amávamos tanto
hoje estamos tão longe
sem rima, sem sono
nem lembro
de como eu te achava estranho
Martha Medeiros in Poesia reunida, 82 Meia-noite e um quarto

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

Essa semana estou lendo pela segunda vez O Retrato de Dorian Gray do Oscar Wilde [escrito em 1891]. Eu AMO esse livro, mesmo. Sei que o Oscar era gay e que o livro traz muito disso, mas como ele mesmo disse: Não existe isto de livros morais ou imorais. Livros são coisas bem escritas ou mal escritas. E só. [Oscar Wilde - Prefácio]


De repente, porém, levantando-se, cerrou os olhos, e com os dedos foi cobrir as pálpebras, como a tentar aprisionar, dentro do cérebro, um sonho curioso, de que temia acordar.
[O Retrato de Dorian Gray, I]


"Um sonho de forma em dias de razão"


Quando nossos olhos se encontraram, senti-me empalidecer. Fui tomado por uma sensação curiosa, de terror. Sabia que deparara, frente a frente, com alguém cuja personalidade, por si só, tão fascinante, me absorveria, caso eu permitisse, toda a natureza, toda a alma, minha própria arte, e eu não desejava influências externas em minha vida. Você mesmo sabe, Harry, quanto eu, por natureza, sou independente. Sempre fui meu próprio dono; sempre o fui, pelo menos até encontrar Dorian Gray.
[O Retrato de Dorian Gray, I]


-Todos os dias. Eu não seria feliz se não o visse todos os dias; pra mim, ele é absolutamente necessário.
[O Retrato de Dorian Gray, I]


Meus amigos, escolho-os pela beleza; meus conhecidos, pelo caráter; e meus inimigos, pelo intelecto.
[O Retrato de Dorian Gray, I]


ah o livro é todo marcado, todas as páginas eu marco uma frase. Muito rico.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nostalgia de você - Martha Medeiros

Você não acredita como eu me importei       
       com você 
como eu reparava nos teus cacoetes, ouvia
       tua voz
e pelo tom eu percebia como andava o teu
       humor,
como eu sabia bem dos teus horários, teus
       macetes
eu poderia ter escrito teu diário, tanto eu
       te conhecia
dava pra sentir de longe o teu cheiro,
       entender tuas manias
eu já estava louva de tanta nostalgia de você,
um rapaz que eu nunca vi, nunca falei,
       nunca toquei,
nunca soube se existia.
Martha Medeiros - 127, Persona Non Grata in Poesia Reunida



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A vez da paixão

Hoje irei saturá-los com romantismo.

Martha Medeiros - 19, Strip-Tease in Poesia Reunida.
eu quero
amor piscina
que sobe e desce trampolins
cai e sai nadando
amor em que se afunda e simplesmente sai se amando

Vinicius de Moares in Os Acrobatas
Subamos!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse fisica dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.



Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.



Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!



Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!



Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.



Como no espasmo.


E quando
Lá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus



Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.



E morreremos
Morreremos alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO.



ps.: não chei uma foto pra esse post '-' HUAHSUAHS

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Martha Medeiros 181

cozinha adentro entrei chorando
pia, panela, geladeira no canto
coentro, louro, nós moscada
desanimada fui fazer molho branco 
azeite, páprica, fermento
misturei lamento, sal e desespero
tempero, lágrima, pimenta
refoguei meu abandono em fogo brando
Martha Medeiros in Poesia Reunida, De Cara Lavada, 181

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

69 Martha Medeiros

se eu quisesse
sairia da cidade
moraria onde pudesse
deixaria saudade
partiria quando desse
não interessa
 a idade
andaria a esmo
descobriria ruas
iria sozinha
pediria abrigo
trabalharia à noite
viveria de dia
ouviria música
saberia línguas
pediria arrego
trocaria o nome
mandaria cartas
choraria às vezes
não envelheceria
perderia o rumo
cometeria erros
distribuiria beijos
arruinaria casamentos
visitaria museus
deixaria o cabelo crescer
sorriria diferente
montaria uma casa
viajaria em cargueiro
faria tudo isso
se eu quisesse mesmo
Meia-Noite e um Quarto, 69- Martha Medeiros

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Manuel Bandeira - Poema do beco

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.
Poema do beco, Estrela da manhã in Antologia Poética Manuel Bandeira

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Manuel Bandeira - Um sorriso

Essa semana estou lendo Antologia Poética Manuel Bandeira. Ganhei esse maravilhoso livro da Mila oi amica e nada como começar todas as manhãs lendo os poemas do Manuel Bandeira. Diferente do livro Antologia Poética do Vinicius de Moraes que eu percebia o jeito e os temas que Vinicius usava, não encontrei ainda os grande motivos do Manuel Bandeira. Quando terminar de ler eu escrevo aqui o que achei hehe.
Ah essa semana está tendo semana de oração na escola, não é nada legal dormir duas horas nos bancos desconfortáveis daquela igreja.
E só para dar um gostinho, vamos a um poema- um lindo soneto.


Um sorriso - Manuel bandeira
Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moitas. A umidade
Aveludava o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.

A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpóreas mãos. Fosse mágoa ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.

- Foi então que senti sorrir o meu desgosto...

Ao fundo o mar batia a crista dos escolhos...
Depois o céu... e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos...

A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada...

Um sorriso, A cinza das horas in Antologia Poética  Manuel bandeira

Uma boa noite a todos!

sábado, 18 de setembro de 2010

Transgredir, porém, os meus próprios limites me fascinou de repente.
Clarice Lispector in A hora da estrela

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