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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Poesia Reunida - Martha Medeiros

Ele era gago, vesgo e mancava de uma perna
e daí? era gostoso, inteligente e tinha uma
   boca linda
sabia dizer coisas belas em horas estranhas
e chorava quando se sentia completamente
   feliz 
Martha Medeiros in Poesia reunida, 16 Strip-Tease 


Se você for
exatamente como imagino
igualzinho aos meus sonhos
eu vou embora
detesto desmancha-prazeres 
Martha Medeiros in Poesia reunida, 42 Strip-Tease 


O término da nossa relação
foi pra mim um choque térmico
não senti mais teu calor
nunca te vi tão frio
Martha Medeiros in Poesia reunida, 68 Meia-noite e um quarto


nós que nos amávamos tanto
hoje estamos tão longe
sem rima, sem sono
nem lembro
de como eu te achava estranho
Martha Medeiros in Poesia reunida, 82 Meia-noite e um quarto

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nostalgia de você - Martha Medeiros

Você não acredita como eu me importei       
       com você 
como eu reparava nos teus cacoetes, ouvia
       tua voz
e pelo tom eu percebia como andava o teu
       humor,
como eu sabia bem dos teus horários, teus
       macetes
eu poderia ter escrito teu diário, tanto eu
       te conhecia
dava pra sentir de longe o teu cheiro,
       entender tuas manias
eu já estava louva de tanta nostalgia de você,
um rapaz que eu nunca vi, nunca falei,
       nunca toquei,
nunca soube se existia.
Martha Medeiros - 127, Persona Non Grata in Poesia Reunida



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A vez da paixão

Hoje irei saturá-los com romantismo.

Martha Medeiros - 19, Strip-Tease in Poesia Reunida.
eu quero
amor piscina
que sobe e desce trampolins
cai e sai nadando
amor em que se afunda e simplesmente sai se amando

Vinicius de Moares in Os Acrobatas
Subamos!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse fisica dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.



Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.



Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!



Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!



Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.



Como no espasmo.


E quando
Lá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus



Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.



E morreremos
Morreremos alto, imensamente
IMENSAMENTE ALTO.



ps.: não chei uma foto pra esse post '-' HUAHSUAHS

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Martha Medeiros 181

cozinha adentro entrei chorando
pia, panela, geladeira no canto
coentro, louro, nós moscada
desanimada fui fazer molho branco 
azeite, páprica, fermento
misturei lamento, sal e desespero
tempero, lágrima, pimenta
refoguei meu abandono em fogo brando
Martha Medeiros in Poesia Reunida, De Cara Lavada, 181

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

69 Martha Medeiros

se eu quisesse
sairia da cidade
moraria onde pudesse
deixaria saudade
partiria quando desse
não interessa
 a idade
andaria a esmo
descobriria ruas
iria sozinha
pediria abrigo
trabalharia à noite
viveria de dia
ouviria música
saberia línguas
pediria arrego
trocaria o nome
mandaria cartas
choraria às vezes
não envelheceria
perderia o rumo
cometeria erros
distribuiria beijos
arruinaria casamentos
visitaria museus
deixaria o cabelo crescer
sorriria diferente
montaria uma casa
viajaria em cargueiro
faria tudo isso
se eu quisesse mesmo
Meia-Noite e um Quarto, 69- Martha Medeiros

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Manuel Bandeira - Poema do beco

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.
Poema do beco, Estrela da manhã in Antologia Poética Manuel Bandeira

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Manuel Bandeira - Um sorriso

Essa semana estou lendo Antologia Poética Manuel Bandeira. Ganhei esse maravilhoso livro da Mila oi amica e nada como começar todas as manhãs lendo os poemas do Manuel Bandeira. Diferente do livro Antologia Poética do Vinicius de Moraes que eu percebia o jeito e os temas que Vinicius usava, não encontrei ainda os grande motivos do Manuel Bandeira. Quando terminar de ler eu escrevo aqui o que achei hehe.
Ah essa semana está tendo semana de oração na escola, não é nada legal dormir duas horas nos bancos desconfortáveis daquela igreja.
E só para dar um gostinho, vamos a um poema- um lindo soneto.


Um sorriso - Manuel bandeira
Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moitas. A umidade
Aveludava o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.

A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpóreas mãos. Fosse mágoa ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.

- Foi então que senti sorrir o meu desgosto...

Ao fundo o mar batia a crista dos escolhos...
Depois o céu... e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos...

A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrada...

Um sorriso, A cinza das horas in Antologia Poética  Manuel bandeira

Uma boa noite a todos!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

65 anos Hiroshima/ Nagasaki






A história - Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram uma bomba, a primeira da história, sobre a cidade industrial de Hiroshima, situada no oeste do Japão. A explosão nuclear não deixou nenhum sobrevivente em um raio de mais de um quilômetro. Entre o dia do ataque e 31 de dezembro de 1945, cerca de 140.000 pessoas morreram pela exposição à radiação.
Em 9 de agosto, os Estados Unidos lançaram uma segunda bomba contra o porto de Nagasaki, mais ao sul, que deixou 70.000 mortos. O imperador Hirohito anunciou, seis dias depois, a rendição incondicional do Japão, aceitando a ocupação do país sob comando americano.



Certamente esse post não é nenhuma comemoração. Ao longo da nossa vida acadêmica, estudamos quantos países sofreram por resistir aos domínios dos países de primeiro mundo. Independente da ideologia adotada por cada país, eles incrívelmente continuam discutindo e defendendo os seus atos do passados. Creio que todos tenham uma opinião sobre tal evento; e mesmo aos que não se interessam, passar cinco minutos pesquisando fotos de sobreviventes faz qualquer um refletir sobre o assunto.
Sabemos que os Estados Unidos jamais pediram desculpas pela vítimas da bomba e que nenhum presidente foi visitar as cidades.
Quando comparamos esse fato que aconteceu há 65 anos - levando aproximadamente 210 mil vítimas- com os  dias de hoje, percebemos como funciona a verdadeira política e manutenção do poder. Há semanas atrás uma grande discussão de nível internacional envolvendo os maiores líderes parou o mundo. Irã estava enriquecendo urânio não sei pra que fins cof cof e as grandes nações EUA oi estavam contestando essa ação criando um verdadeiro clima de guerra fria. Claro, um país com a política do Irã, com pessoas como do Irã, com armas, religião, filosofia, leis e etc como a do Irã; jamaaaais poderia ter em mãos uma arma mortal como essa.
Bem que o nosso querido e amado cof cof presidente (junto com o Itamaraty, meu futuro *---*) tentou suavizar a situação para o Irã. Inventou-se acordos, revisaram acusações.. enfim, óbvio que o problema não acabou. Mas eles EUA oi continuam querendo determinar quem pode produzir, manusear e utilizar o poder nuclear. Agora quando questionamos a 'parceria' deles com a Russia que possuem mais de 90% das armas nucleares do MUUNDOO, ninguém pode interferir.
Eles não pensaram duas vezes em terminar a guerra. Eles não pensaram nas consequências que duas, eu disse DUAS, bombas nucleares poderiam trazer para o mundo. E ora, o Japão agora é um país de primeiro mundo, porque será?
Com tanto poder 'pessoal' e manipulador, não acho que uma próxima vez tsss eles pensarão duas vezes.Ok, vamos controlar os coitados do Irã pessoal, mais uma bomba no mundo.. ninguém precisa.
E lógico, não posso deixar de comentar a reportagem da Time semana passada my dear. Quem não leu, já deve ter a versão em português na internet. Começamos pela capa, que nada apelativa irocic trazia a foto da Aisha acho que é assim bjs que com 18 anos teve o nariz e orelhas totalmente cortados pelo marido e cunhado. A Time descreveu a história dizendo que tal ato aconteceu porque a menina fugiu da casa do esposo porque era espancada. Sou totalmente a favor da proteção as mulheres do Afeganistão, certamente isso é digno de longos anos de prisão u-u Mas é óbvio que o objetivo deles não era uma luta feminina e dos direitos humanos. Na reportagem eles mostraram que com a retirada das tropas da coalisão,os islâmicos poderiam continuar com tais atos. Eu disse continuar, porque eles não acabaram com nenhuma brutalidade dessas lá, pelo contrário levaram mais u-u. Combatendo a brutalidade e atos desumanos com guerra é a melhor solução. Acabar com uma guerra de forma digna com uma bomba nuclear matando milhares de pessoas também é a melhor solução.
Enfim posso ficar horas aqui, mas tinha que dedicar um post a Hiroshima. E claro, não poderia faltar o poema de Vinicius de Moraes, A Rosa de Hiroshima.


Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada

Vinicius de Moraes in A Rosa de Hiroshima
de chorar <3


segunda-feira, 12 de julho de 2010

O olhar que não se contenta em ver

Em mais um dia de cursinho -e último antes das férias- ganhamos um livro de estudo com resumos sobre as obras que caem na prova da fuvest e unicamp.
Estava esperando esse livro fazia meses, realmente estava muito ansiosa para lê-lo. Mas, o mais surpreendente foi que o que me chamou a atenção não foi as belas obras que ali estavam sendo expostas, nem os comentários dos professores mais conceituados ou fragmentos da nossa rica literatura. Foi um poema que estava na contra capa, aquele partizinha que é feita pra marcar as páginas. Imagino eu que o poema foi escrito por André Luiz e Miranda Leite (?)

O olhar que não se contenta em ver
reescreve o texto nos infinitos espelhos da sua própria história.
Quer ler novidade sempre.
A partir das suas viagens, seus dias de aborrecimento, suas lembranças guardadas debaixo do travesseiro, nos sonhos ou em fotografias.

O olhar que não se contenta em ver
sabe que o texto são as entrelinhas que, invisíveis, tornam-se em um momento mágico, visíveis ao sentido de quem aceita sua existência contraditória de sombra, fantasma e luz.

O olhar que não se contenta em ver
compartilha o que lê, pois já não pode guarda para si o encanto de tantos mundos conquistados das alegrias e tristezas dos livros que se reconstroem a cada nova leitura, o encanto da poesia, da arte.

O olhar que não se contenta em ver
dividiu-se e não cabe mais em nós e se oferece a você, leitor, em forma de livro.
Recebe-o e lê, certo de ser tomado pela experiência única de um olhar que na presença da literatura nunca se contenta em ver.

*---*

Obs.: Não li o livro ainda, mas tenho a impressão que ele aparecerá muito por aqui u.u

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