quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ilha das Flores - Jorge Furtado

Eu, um ser humano com o telencéfalo altamente desenvolvido, movi o meu polegar opositor para postar esse curta-metragem no blog e com a esperança que todos vejam.


...e por ser livre, é o estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que entenda.

Muito astuto o jeito que ele puxa uma coisa da outra, tornando o video tão irônico e sarcástico que coloca nós seres humanos -com telencefálo altamente desenvolvido e polegar opositor- como os seres mais desprezíveis. Esse lugar realmente existe e minha professora de literatura que cresceu lá, disse que continua assim até hoje.
Semana passada saiu os índices de IDH dos países. Brasil ficou em 73, uma posição nada surpreendente quando paramos para analisar as diferenças sociais que circundam as cidades.
Quando eu penso sobre isso não consigo chegar a nenhuma conclusão. Na verdade, eu sei o que acontece, mas é inacreditável e difícil de aceitar. O fato é que o mundo em que vivemos hoje está literalmente atolado de miséria, descrença e maldade. Um tanto quanto clichê ler isso porque eu, Bianka Damasceno, cresci vendo pessoas sendo mortas ao meu lado da forma mais natural possível. Porque é natural quando grande parte da população está infectada pelo vírus da AIDS, ou morrendo de fome, andando pelo seus próprios dejetos, aderindo mais um vício para uma alusão momentanea a felicidade sendo inseridas no mundo do crime e morte, quando um Estado prioriza os seus montantes de dinheiro, quando a empresa do meu pai cresce e consequentemente uma criança perde sua oportunidade de comer uma banana com 89 calorias -seu alimento da semana-, quando a rebelião acontece no presídio de Maranhão levando 18 mortos e quando poderes impedem os jovens de usufluir de poucas vagas que lhes restam na faculdade que é sua por direito. E como é natural existir pessoas com autoridade para tirar a vida de alguém, ou pessoas com a capacidade de julgar, de cobrar, roubar, usar e se apoderar de alguém. A naturalidade no uso de crianças para trabalhos braçais, para atos impuros, insanos e repulsivos. A exploração de mulheres, o controle das igrejas, bombas atômicas, arsenal de armas e principalmente na brutalidade nos corações de homens e mulheres que convivem em uma mesma sociedade, usando e explorando o mesmo ambiente, e acabando com o que resta das belezas naturais tão essenciais para o mesmo. Isso não é nada mais do que a mesmice que pode até intrigar algumas pessoas, mas que mesmo assim não é suficiente para tirar o ser humano da situação em que ele se encontra.
Eu, Bianka Damasceno, um ser humano com o telencefálo altamente desenvolvido e polegar opositor, acho natural passar tudo isso na televisão todos os dias. Ver, ouvir e estudar isso TODOS OS DIAS.
Pelo amor de Deus, que chegue logo 'o fim do mundo'. Eu não encontro a saída, eu não vejo uma possível solução.


Ninguém precisa ler isso, só vejam o video e tentem ir além da comoção. E me incluindo nessa 'parada', não creio que o objeto do Jorge Furtado era simplesmente me comover e sim tentar mudar a mesmice para que surja uma força de reação, uma reação acompanhada da emoção.


sem mais, meu telencefálo não tão desenvolvido [concluo assim] já não consegue entender isso.

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